Homenagem à Maria Pérola Sodré, guardiã da Ilha de Boa Viagem - Escoteiros do Brasil
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Homenagem à Maria Pérola Sodré, guardiã da Ilha de Boa Viagem

29 março 2018

Das histórias todas envolvendo jovens e adultos escoteiros do Brasil, algumas realmente marcam a memória. Seja pelo tempo, pela intensidade, ou pela forma que uma pessoa se dedica ao Movimento, há casos que impactam e estimulam. E o contingente feminino dos Escoteiros do Brasil é repleto destes exemplos! Em Niterói, a história de Maria Pérola Sodré é fonte de inspiração, tanto pelo empenho na difusão do Escotismo, como pelo cuidado por um patrimônio do Movimento Escoteiro. Nesta semana, a Chefe Maria Pérola é homenageada do Mês da Mulher.

Desde cedo todos da família ingressaram no escotismo. Era um caminho natural. O pai era escoteiro, e a mãe, bandeirante. As cunhadas e o cunhado também faziam parte da tradição. Desde seu nascimento em 1922, Maria Pérola via o envolvimento familiar com o que viria a ser parte fundamental de sua vida. Ingressou na Federação de Bandeirantes em 1927, e por meio do pai, o Almirante Benjamin Sodré, a filha teve laços ainda mais fortes com a cultura escoteira, especialmente com a fundação do Grupo Escoteiro do Mar Gaviões do Mar (4°/RJ), em Niterói-RJ. O Almirante, um dos grandes responsáveis pela disseminação da cultura Escoteira no Brasil – foi autor do Guia do Escoteiro, publicado em 1925 -, foi pioneiro da União dos Escoteiros do Brasil e considerado “Escoteiro número um” do Brasil.

Em 1937, a Marinha cedeu aos Escoteiros do Mar a Ilha da Boa Viagem para os escoteiros da Federação do Mar. O guardião foi o seu pai, o Almirante Benjamin Sodré, que restabeleceu o culto a Nossa Senhora da Boa Viagem na igreja do século XVII que existe no local. Com sua morte, Maria Pérola recebeu a tutela da Ilha de Boa Viagem, em Niterói. Há décadas, o cuidado da Ilha está nas mãos dos Escoteiros do Brasil, por meio do G.E. do Mar Gaviões do Mar, que tem a sede no local. Cuida como ninguém do espaço onde cresceu, com os pais e os seis irmãos. “Não é uma escadinha; é uma rampa”, brinca ela com a pouca diferença de idade entre eles. O zelo pela natureza e patrimônio que tornou o pai conhecido é um dos pontos lembrados com frequência quando se fala de Maria Pérola.

Tornou-se chefe do movimento bandeirante em 1940. A ‘Gaivota Branca’, como é conhecida, dirigiu cursos de formação, por todo o Brasil entre os anos 1960 e 1990, foi Conselheira Distrital, e chegou a ter oito alcateias sob seu comando. E foi aclamada Akelá Lider.

Ate 2009 dirigiu a Ilha. “Ela foi e é uma grande referência para todos os escoteiros de Niterói, e uma formadora conhecidíssima por todo o país”, explica André Torricelli, presidente do G.E. do Mar Gaviões do Mar (4°/RJ). O Chefe Escoteiro conta também sobre o episódio marcante do incêndio no Gran Circus, em 1961. “Ela foi a grande líder no cuidado com as vítimas do incêndio. Atuou por quase dois anos organizando o trabalho voluntário e praticamente geriu o hospital que estava fechado.Conduziu um Grupo Escoteiro no hospital, para as crianças queimadas”, comenta. Não era uma questão de escolha , apenas seguia a promessa escoteira, que diz: “Ajudar o próximo em toda e qualquer ocasião”.

Maria Pérola acabou se desligado das funções diretivas Nacionais no fim da década 80, época em que recebeu o título de Formadora Emérita. Foi diretora ativa do G.E do Mar Gaviões do Mar até o ano de 2009, passando a Presidente de Honra, recebendo reuniões de chefes em sua residência e participando de algumas representações e festividades não limitadas pela idade avançada de 96 anos. Professora de matemática de carreira, aposentou ‘por força do Estado’, como costuma contar, coleciona honrarias de todos os grupos pelo qual passou – além dos Escoteiros, foi condecorada pela Marinha do Brasil, Município de Niterói, Rotary Club, Universidade Federal Fluminense, Igreja Católica no Rio de Janeiro. É a segunda mulher a ser agraciada com o Tapir de Prata, a mais importante condecoração entregue pelos Escoteiros do Brasil.

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