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O Outubro Rosa no Movimento Escoteiro: histórias de luta, superação e fraternidade

26 outubro 2018

O diagnóstico de uma doença nunca é fácil. O câncer ainda assusta muita gente, e não é por menos: o tratamento em muitos casos é agressivo, e altera em muito a rotina dos pacientes, seja pelas mudanças na aparência, por efeitos colaterais, e principalmente por mexer tanto com o psicológico. Nestes momentos, a fé e a esperança são as mais firmes bandeiras que acompanham quem começa a enfrentar a luta, e a companhia de familiares e amigos é essencial. Para quem faz parte da grande fraternidade do Movimento Escoteiro, o significado de família e amizade é ainda mais especial. Neste mês de outubro, apresentamos duas histórias de superação que, em comum, têm o Escotismo como pilar de suporte.

Era 2009 quando uma tropa do Grupo Escoteiro Laranja Doce (21°/MS) se organizava para participar do Camporee Escoteiro em 2010, após terem participado dos Jamboree Panamericano e Nacional. Mônica Rodrigues estava preparada para chefiar o grupo, quando passou por uma consulta de rotina e recebeu o diagnóstico do câncer de mama. Residente de Dourados-MS, a Chefe Mônica logo de início sofreu com o impacto da notícia. “O desconhecido é muito difícil de assimilar”, disse, explicando a rotina pesada: 05 sessões a cada 21 dias. Buscou forças primeiramente de Deus, e nos familiares – marido, dois filhos, irmãos e mãe.

Iniciou a quimioterapia, e logo caíram os cabelos, momento mais difícil para Mônica, mas também libertador, do ponto de vista da Chefe. Dentro dos prognósticos, após dois anos de tratamento, a doença se espalhou para o fígado, aumentando o tempo de sessões. Mônica teve outras duas reincidências, até 2014, quando iniciou tratamento com novos medicamentos – e já acostumada aos efeitos colaterais e à própria luta.

Mais do que o suporte emocional, quem enfrenta o tratamento de câncer precisa de conforto psicológico, também. “Se você não procurar uma terapia, seja ela com orientação médica ou meramente uma ocupação, você pira”, contou Mônica. A opção dela foi seguir frequentando as reuniões do Grupo Escoteiro, onde sempre encontrou companheirismo com irmãos de lenço. Sob orientações médicas e entendendo das limitações, continuou participando do Movimento Escoteiro – a válvula de escape, como descreveu. “Tenho um astral bom, gosto de falar do problema, e dou muita risada contando o começo de tudo. No Escotismo, pelo menos, as pessoas que conheço te aceitam sem que você se sinta uma coitada, e sinto parte de um todo. É onde me sentia e me sinto viva”, comentou.

No interior de São Paulo outro exemplo encontrou no Movimento Escoteiro a força para lutar. Aos 39 anos, em 2010, Vânia Ferrari descobriu por acaso, durante o banho, um caroço no seio. Ao procurar o médico, foi pedido uma biópsia e detectado um tipo não muito comum de câncer de mama, sem metástase, mas bastante agressivo. “Logo de início fui encaminhada para cirurgia de retirada do tumor, e graças a uma conhecida, fui encaminhada para o tratamento no Hospital de Barretos”, contou. Em maio de 2011, passou pelo processo cirúrgico, e optou pela mastectomia. Embora moradora de Araçatuba, fez todo o tratamento pelo Hospital de Barretos. “Como a cidade ficava a quase 400 quilômetros de Araçatuba, pedi transferência para a unidade em Jales, que era mais próximo, e onde fiz o protocolo de quimioterapia”.

Diante da distância e logística para ir à Jales de tempo em tempo, Vânia encontrou acolhimento no Escotismo. Logo que descobriu a doença, compartilhou inicialmente com a família de sangue, e em seguida com o Grupo Escoteiro Dom Bosco (206°/SP), onde foi criada. “Meus pais fazem parte da equipe de casais que, junto ao Padre Angelo Rudello, fundaram o grupo. Ali tenho madrinha do meu filho, padrinhos de casamento, e amigos de infância”. O caso era novidade no grupo, e mesmo muito assustados, os companheiros de Movimento não abalaram. “Como eu não podia dirigir, os chefes montaram uma escala para me auxiliar, como se fosse um encargo de patrulhas em acampamento. Cada semana que eu ia, iam chefes dirigindo e outros dois acompanhando nas sessões, e dava até briga para ver quem ia”, lembrou.

Durante o tratamento de Vânia, o G.E. Dom Bosco cumpriu com várias campanhas de arrecadação de alimentos para o Hospital de Barretos, e muitos integrantes passaram a ser voluntários. “O grupo fez parte do meu tratamento, e do meu alívio na busca pela cura. E não deixaram de ajudar o hospital desde então, todo ano fazem campanhas de arrecadação de alimentos, e de coleta de lacres de latinha”, explicou, dizendo que o Hospital segue no coração do Grupo.

Mesmo em alta clínica, Chefe Vânia segue nas consultas periódicas, e sempre acompanhada de chefes do G.E. Dom Bosco. Não se afastou do Movimento durante o tratamento, e continuou participanto das atividades, mesmo que sentada. “Mesmo emtratamento não me distanciei em nenhum momento do grupo. Não podia trabalhar porque sou professora de educação física, mas não me afastei do grupo”, disse Vânia, que é Comissária Distrital na Região Escoteira de São Paulo. “Não deixei o Movimento Escoteiro de lado, e nem o Movimento Escoteiro me deixou”, completa.

Você, escoteira e escotista, não deixe de se cuidar. Faça o autoexame, e divulgue a campanha!

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